25 janeiro 2008

Asas do Desejo


Nunca gostei de Circo e, no entanto, tenho passado pela vida caminhando sobre uma corda bamba e suspensa no vazio, equilibrando uma trave que se verga sob o peso do medo, ansiando uma rede que me ampare na possibilidade premente da queda vertiginosa. Nesta tenda colorida em que se desafia a vida, era tão mais libertador ter sido trapezista e ser roubada no ar pelas asas de um anjo...!

19 janeiro 2008


Sopraram-me um dia Poesia é transgressão
E no poema de uma noite de vão desapego
Aprendi a medo que transgredir é viver

16 janeiro 2008


Vazio

Vazio premente, demente, recorrente...
Semente lançada em mim

Buraco sem fim de gritos silenciados
E choros dissimulados, abafados, ventilados num eco ruim
Vazio esvaziado de ambição, paixão, inclusão

Semente soprada e nunca almejada,
Tantas vezes renegada, desviada, empurrada
E de novo lançada
Solo fértil de nada
E caio apagada e curvada na emboscada
D'um novo vazio premente, demente, recorrente...
Constante.

13 janeiro 2008


Passividade

Há dias em que o céu chora e franze a testa de nuvens escuras por me ver a dormir enquanto a vida me passa ao lado...

09 janeiro 2008


B-A-BA

Quero arreliar letras, palavras e frases... Provocá-las, atiçá-las, desafiá-las... Lançá-las ao acaso no Ocaso de um dia frio e misturá-las, chocalhá-las, afagá-las e, por fim, libertá-las e deixá-las respirar tão suavemente que alguém me dirá, então: "Agora, sim, sabes escrever... Não mais poises a tua mão".

08 janeiro 2008


Esvaziar o silêncio

Quero encher o vazio com sons dedilhados em cordas vocais ansiosas e abafar os silêncios magoados com suspiros quentes de amor vestido de algodão doce.