Água.
Ansiar.
Podia ter optado pela apanha da azeitona... ou, num registo mais doce, pela apanha de algodão, de preferência já com corante de morango. Mas não. Eu é mais canas. De açúcar. Ou bambú. Com farpas e nódulos. E que assobiem ao vento. Divagações em tons púrpura........................................................................................................... amorgadinhadoscanaviais@gmail.com
Água.
Ansiar.
Hoje aprendi uma coisa interessante de que apenas suspeitava empiricamente. Estudos revelam que, ao atravessar períodos complicados nas suas vidas, as mulheres põem em marcha um comportamento designado por tending and befriending, que não é mais do que uma propensão para procurar a companhia dos amigos íntimos ou reforçar a sua afectuosidade e cuidados para com os filhos ou animais de estimação. E fazem-no não por ser um padrão social, mas porque a bioquímica dos seus cérebros está programada para que elas procurem e recorram a relacionamentos, muito em função da libertação de oxitocina - a chamada hormona do bem-estar - que isola o stress. E quanto mais convivem e cultivam as amizades, mais oxitocina é libertada e mais os níveis de stress são reduzidos. Ao contrário dos homens, que tendem a isolar-se quando vivem situações difíceis, talvez por acharem que é sinal de fraqueza expor as suas dores ou problemas, as mulheres conseguem com este tending and befriending desenvolver menos problemas físicos à medida que envelhecem e levar uma vida mais alegre que o sexo oposto. Investigações de renome, como a Nurses' Health Study de Harvard, demonstraram que a ausência de amigos íntimos ou de confidentes é tão prejudicial à saúde de uma mulher como fumar ou ter excesso de peso! No fundo, um comportamento feminino que é tantas vezes criticado ou parodiado tem, afinal, uma explicação fisiológica testada cientificamente. Não é lindo...?
Não consigo evitar sentir sempre alguma má vontade contra figuras da televisão que de repente surgem em palco como actrizes. Aconteceu-me com a Catarina Furtado, em Loucos por Amor, quando ela levou a peça de Sam Shepard à sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II. Pura e simplesmente não fui capaz de a descolar da imagem de apresentadora "namoradinha de Portugal". E aconteceu-me agora com a Cláudia Semedo, em Navalha na Carne, em cena no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Ainda assim, a Cláudia bateu a Catarina aos pontos. Custou a arrancar, um pouco de overacting, mas depois fluiu e a linguagem corporal merece parabéns. A de todos, aliás. É que a puta é mesmo puta; a bicha é mesmo bicha; e o chulo é o canalha mais pintas e bruto da nossa praça. O texto é duríssimo e impróprio para os ouvidos mais pudicos, mas uma vez habituados à crueza da linguagem, embrenhamo-nos na pele daqueles três pobres diabos que até ao correr do pano se cospem, se insultam e se maltratam em variações de miséria e vaidade. Não é de se perder o fôlego, mas é de ver.