West Side Story à Tuga
Soubesse o elenco representar e dançar com o talento com que canta as músicas de Leonard Bernestein e a versão La Feria do musical seria fantástica. Não sei se à altura dos espectáculos da Brodway ou do Soho londrino, mas compostinha. Assim, à boa maneira tuga, temos um espectáculo manco, quase risível em certos momentos, tão pateta é a interpretação da dupla protagonista (Rui Andrade e Bárbara Barradas). E estou já a fazer as necessárias concessões ao facto da trama passar-se nos anos 50, com todos os salamaleques românticos da praxe! Enfim... Ainda têm que trabalhar muito para arrebatar a assistência, pequeninos. Corrijo: para me arrebatarem a mim. Sim, porque todas as outras pessoas respondiam a toque de caixa aos aplausos e Bravos! que o roufenho Filipe emitia, estrategicamente postado no alto do teatro, junto aos técnicos de luz e som. E não deixa de ser triste que mesmo o corpo de baile profissonal, com vários elementos de Leste, tivesse esquecido em casa a garra vibrante que os seus corpos trabalhados deveriam transmitir. Gostei, mas não muito. Diverti-me mais a observar cavalheiros e senhoras de provecta idade que desfilavam vagarosamente pelo Politeama em trajes arrumados, largando atrás de si um odor a mofo de arcas velhas e pouco arejadas. Esses vibravam, felizes por terem dado um toque de glamour a uma noite fria de Inverno. Eu, dispersa em possibilidades, divagando por aquilo que deveria ser a história intemporal e tocante de um Amor Sem Barreiras baseada nos amantes de Shakspeare, deixei-me seduzir apenas pelos cenários, pela mise-en-scène e pela orquestra no fosso do palco - muito bem, mesmo. Valeu pelo presente que dei aos meus pais, o de estarmos juntos, numa ocasião diferente, rindo e troçando de coisas que só em família fazem sentido.
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