01 fevereiro 2009


Ao preço da chuva...

Mais um mês que começa. Suponho que a vida, fora das minhas quatro paredes, continua na sua engrenagem habitual. A chuva, pelo menos, não pára de manifestar-se, tenazmente. Gostava de saber despejar como essas nuvens zangadas que aliviam o peso que carregam. Estou à mercê da sorte que alguém lançou, impotente para controlar, antecipar ou provocar o alívio de que preciso. Sou apenas mais uma peça na grande máquina social que apanha por tabela, alvo do ricochete causado pela merda que os Governos e os patrões do Capitalismo disparam em todas as direcções. É o salve-se quem puder, e quem pode são certamente os galos do poleiro e os que aceitaram os tachos e as luvas e as cunhas - nunca os que empregam a sua energia, talento e competência nos serviços que prestam, acreditando estar a construir algo de bom para si e para as suas famílias. A História testemunhou inssurreições populares, guerras civís e até mundiais que começaram por menos. Não sei se o Portugal de brandos costumes se vai aguentar no sofá, desta vez. Quanto tempo demorará até alguém se passar da cabeça e o caos se instalar nas ruas? Se não for pela força, será pela depressão, esse poço negro e fundo que sorve o que de melhor tem o ser humano - o riso, a vitalidade, o optimismo, a vontade, a capacidade de criar. Aconteceu comigo. Pode acontecer a qualquer pessoa. Mas tenho a chuva... Essa (ainda) é de graça.

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