28 novembro 2007


HPV

É um assassino silencioso e nem sempre eficaz... felizmente. As estatísticas atestam que cerca de 70% dos homens e mulheres terão contacto com o Papiloma Vírus ao longo da sua vida e em 90% dos casos sem consequências graves. Sem uma vigilância regular, porém, o HPV instala-se, lesiona e pode degenerar em cancro do colo do útero - a segunda causa de morte nas mulheres, em Portugal. Existem diversas estirpes, mas de uma forma geral o sacaninha não se manifesta visivelmente, não exala qualquer odor, não dói, não arde, não faz cócegas nem comichão. É um micro-pantufinhas e nem o latex o trava, de tão minorquinha que é. Com um poder de contágio superior ao do HIV, é incrível como só recentemente se começou a ouvir falar dele na comunicação social e como só agora se começou a comercializar a vacina - sem comparticipação, é bom que se diga. Eficaz só após três tomas, esta arma contra um problema que é claramente de saúde pública custa, ao todo, perto de 500 Euros. É um insulto. Um escândalo. Um desrespeito para com o cidadão e, sobretudo, para com as mulheres. Sim, porque são elas que têm de tomá-la. E são elas que podem vir a ser privadas de ser mães ou até morrer. E basta uma única vez. Uma única vez! Sem promiscuidade, sem infidelidade, sem múltiplos parceiros... E nem é preciso ir all the way! É este o poder do "pantufinhas. Cabe-nos a nós, mulheres, ser como faróis vigilantes, alerta, perscrutando zelosamente a costa, para que os navios que por cá passam não sejam como piratas que semeiam o mal, mas antes encontrem um porto seguro onde largar a âncora...

27 novembro 2007

Londres - Parte 4


Intensivo. Uma paráfrase literal do best seller, que elimina o efeito surpresa e diminui o entusiasmo de quem assiste e já leu o livro. Os exemplos são os mesmos. As referências e os adjectivos também. Story Seminar é um plágio oral em três partes do que o seu autor colocou por escrito. "Always write the truth", foi o conselho de Robert Mckee a esta pupila pouco deslumbrada, mas bastante ansiosa por sistematizar conhecimentos e arrumar conceitos. Descartando as suas intervenções provocatórias, a rasar a xenofobia e o insulto às particularidades culturais europeias (aposto que os portugueses só foram poupados porque Mckee confundiu os contornos do país com uma borra de café no seu mapa mundi), este orador arraçado de entertainer sabe manter inquieto o seu público - seja pelo riso, seja pela indignação. Pérolas como "Citizen Kane is a piece of shit" ou "Comic tradition skipped Germany" são mimos a reter. But uncle Bob knows what he's talking about! Tem anos e anos de experiência a analisar e avaliar ficção, a despertar escritores adormecidos em narrativas planas, sem chama nem desfechos que valham a pena o dinheiro gasto na compra do bilhete de cinema ou o tempo gasto diante do televisor. Ele quer apenas que compreendamos o que é uma boa história e como escrevê-la. Sem fórmulas. Sem dogmas. Servidos apenas por convenções formais flexíveis e orientadoras do nosso instinto e espírito criativo. E é por isso que o tio Bob continua, semana após semana, a esgotar anfiteatros com uma assistência que vai desde o médico ortopedista ao estudante de letras, distribuindo frases controversas e exigindo dinheiro a quem lhe interrrompa a palestra com um toque de telemóvel, alternando entre a chávena de café e o copo de água (há quem pense que é vodka...) para aguentar as 11 horas em que puxa pelas cordas vocais. Para os interessados, fica o link que anuncia os próximos seminários.

24 novembro 2007


Londres - Parte 3

Enredados na insipidez da vida, esquecemos mais vezes que o desejável o quão revigorante pode ser revisitarmos a Arte e descobrir com alívio que, por muitos museus em que já tenhamos estado e muitos livos ou documentários que tenhamos visto, continua a haver artistas por conhecer, capazes de nos surpreender e devolver a vontade de estudar e saber mais. Foi este o resultado da breve tour que fiz ao Tate Britan onde fui apresentada ao Movimento Pré-Rafaelita, completamente desconhecido para mim. Uma lacuna na minha cultura geral, sem dúvida, tanto mais imperdoável quanto o facto de serem belíssimas as obras deste punhado de rebeldes que introduziram um novo conceito na pintura de meados do século XIX... Destacado desta irmandade, John Everett Millais foi, talvez, o mais popular com quadros de um impacto visual perturbador, como Ophelia (1851-52), a célebre personagem da não menos célebre peça de Shakespeare, Hamlet, que encontra uma morte trágica ao cair e afogar-se num ribeiro.



A tela que mais me tocou, porém, foi The Lady of Shalott (1888), de John William Waterhouse, uma interpretação magnífica da lenda de uma mulher presa na maldição de poder ver a vida apenas através de um espelho. A sua fuga a bordo de um bote num dia de tempestade outonal ditou a sua morte e é esse o lamento pintado nesta obra. Se o Belo existe, pinturas como estas são uma afirmação terrena desse valor maior.


23 novembro 2007


Londres- Parte 2

Sem o saber, acabei por ser uma "penetra" no aniversário dos 60 anos de casamento de Queen Elisabeth II. Acabara de vir de Northumberland Avenue 10, onde visitei um pub que mais não é do que um elogio saudosista à personagem de Sir Arthur Connan Doyle - Sherlock Holmes -, e segui pelos Victoria Embankment Gardens ao longo do rio Tamisa. Avistei, na outra margem, o London Eye e, adiante, o Big Ben. E foi ao desenbocar no Parliament Square, já muito próxima de Westminster Abbey, que me deparei com um ajuntamento de pessoas e algum aparato policial. Subitamente, os sinos da abadia começaram a tocar e lá apareceu a rainha num Bentley bordeaux e vestida de branco - o que não deixa de ter a sua graça. Terá o príncipe Felipe de Edimburgo alguma vez tocado a real genitália de Sua Majestade?! Ok, eu não escrevi isto. Adiante... Entre o staf privilegiado para cumprimentá-la estava o idoso Peter O'Toole, de manta no colo e em cadeira de rodas, com o rosto esquálido e olhar doce. Pontos altos da minha viagem, sem dúvida. Já fui a Roma e não vi o Papa... mas pelo menos posso dizer que fui a Londres e vi a Rainha! O desfile de ladies and gentlemen que saíam da abadia foi um regalo para os olhos. Penas e chapéus de todas as cores e feitios, numa elegância muito british e, no entanto, sem o snobismo que se lhe poderia associar. Surpreendeu-me não ver grandes carros e seus motoristas à porta da igreja e, pelo contrário, assistir a estas figuras de belos casacos e chapéus vistosos a misturar-se por entre a multidão debaixo de uma chuva miudinha que insistia em cair. Satisfeita com esta experiência inesperada, prossegui o passeio para St. James Park, um refúgio natural, tranquilo e repleto de esquilos e patos patuscos que nos fazem sorrir. Ali é possível esquecermo-nos das ruas movimentadas de Londres. Recarregadas as baterias, caminhei para Waterloo Place e segui por Regent Street até Picadilly Circus, onde me aguardava um Whooper no Burger King. Fast food para me prepararar para as seis horas de dissecação de Casablanca, em Regent's College. Yes, "we'll always have London"...

21 novembro 2007

Londres - Parte 1

Em Londres até a chuva parece molhar-nos de maneira diferente. Somos mais tolerantes ao frio, às molhas, ao vento... aos preços proibitivos dos transportes públicos e dos restaurantes... e tudo pela simples razão de que, sempre que lá voltamos, a cidade nos recompensa em triplo com a beleza das ruas e fachadas, a eficiência, a inesgotante oferta cultural e de entretenimento, a solicitude das pessoas nas ruas, a tranquilidade dos parques repletos de esquilos que nos vêm comer à mão e o colorido da multiplicidade racial. Terá as suas falhas, evidentemente, mas é fácil não nos concentrarmos nelas quando temos apenas quatro dias que correm como se fossem quatro horas. Podia falar dos contratempos logo à chegada, quando fui erradamente informada da linha de comboio a tomar de Gatwick para Victoria Station, ou do quarto surreal em que fiquei hospedada (o homem da recepção era o mesmo que fazia as torradas, apertava as torneiras da casa de banho e puxava as orelhas aos lençóis)... mas salto isso para antes vos convidar a visitar http://www.avenueqthemusical.co.uk/homepage.php, um dos espectáculos mais originais, divertidos e bem conseguidos que vi em toda a minha vida. E seguindo a máxima "The internet is for porn", "grab your dick and do double click"! ;)

15 novembro 2007

Story
Não, não vou fazer nenhuma homenagem nostálgica ao West Side Story. Vou antes pavonear-me um bocadinho com o facto de já este Sábado estar em Londres, no Hogg Lecture Theatre da Universidade de Westminster, para assistir às prelecções de Robert McKee sobre a arte de bem escrever. Um guru do scriptwriting, so they say. Onde vai estar a Morgadinha? Em Londres. A fazer o quê? Story Seminar. Onde? Em Londres. Isso, a do Tamisa e das Jacket Potatoes. Três dias intensivos das 9:00 AM às 8:30 PM na língua de Queen Elisabeth com sotaque americano. Yeahhhhhhhhhhhhhhh!
Always have a good laugh
Sinto-me pressionada. Disseram-me qualquer coisa do tipo "Agora que tens um blog, vê lá se escreves coisas com piada, senão... és fraquinha". Isso de escrever comédia como quem come Ferrero Rocher, i. é, com uma perna às costas (para quem é contorcionista, claro!), sempre me encanitou um bocado. Mais! Quase me deixa o cabelo encaracolado, o que, para quem me conhece, é um empreendimento praticamente impossível. Mas vá que eu consiga dar um arzinho da minha graça... Vá que a minha veia parodiante lateje como se não houvesse mais amanhã... Terei público à altura? Isso sim, preocupa-me. Para terem uma ideia, preocupa-me quase tanto como o facto de ter acabado com meio saco de bombons de chocolate enquanto tento escrever este post sem gralhas...

14 novembro 2007


Contradição e chocolate preto

Sou de repentes. E de calmia. De silêncios e euforia. Contradição é a minha essência. E depois disto... quem quer mousse de chocolate preto?

13 novembro 2007

The Virgin
A Morgadinha nunca deambulou por canaviais... mas está doida para andar à catanada no universo virtual da blogosfera!